RESUMO DA OBRA VINTE E ZINCO
Mia Couto



Capítulo I – 19 de Abril:

Cansado, Lourenço de Castro entra em casa. Margarida o recebe. Ele “arrasta-se” para a casa de banho e lava as mãos. Vai à cozinha e as lava novamente. O pide deita-se. Pergunta sobre a tia Irene. A mãe desvia os olhos. Pausa. Suspiros. Lourenço examina os braços à procura de sangue. A mãe retira-se. Passam-se as horas. Os gritos de Lourenço ecoam no corredor. A mãe o socorre. Leva-o um copo de leite. Um pesadelo. Lourenço maldiz o cego Tchuvisco. A mãe pede que o filho vá ao médico. A mãe o acalma e sai.

Capítulo II – 20 de Abril:

Irene retorna tarde das lagoas. Margarida a espera na porta. Ela traz consigo um frasco velho. Irene dança em volta da irmã. O narrador explica porque ela viera para África, após a morte de Joaquim de Castro, e como se descaminhara e se misturara com os negros. Lourenço e sua desconfiança da loucura da tia. Lembrança da cena da morte de Joaquim. O propósito de Lourenço. Receio de Margarida pelo estado do filho. A raiva de Lourenço pela tia. Irene continua dançando na sala quando Lourenço chega. Irene vai ao encontro do sobrinho e lhe mostra o frasco, e explica o que é aquele líquido. Cita o nome de Tchuvisco. Lourenço ordena que não pronuncie mais o nome. Ambos se confrontam. Irene se despe frente ao sobrinho. Lourenço lhe tira o frasco e joga-o no chão. Os olhos de Irene inflamam. Ela se aproxima do local onde, em vida, Joaquim celebrava as refeições. Ela derruba a cadeira e atira o guardanapo ao chão. Lourenço ergue-se, mas é contido pela mãe. Irene lhe diz mais algumas palavras ofensivas.

Capítulo III – 21 de Abril:

Descrição do cego Andaré Tchuvisco. Três versões sobre a cegueira de Tchuvisco (a mordida da serpente, a visita da morte, a doença que lhe atingira a certa altura da vida). Relação de Tchuvisco com a família Castro (e com os brancos). O motivo que leva Lourenço a desconfiar de Tchuvisco (a mão que ajudava os negros a fugirem). Tchuvisco e seus paradeiros desconhecidos. Lourenço vai até o local onde Tchuvisco desenhara na areia. O povo também visita o local. As suspeitas de Lourenço aumentam. Ao regressar para casa, Lourenço arma uma armadilha para testar Tchuvisco.

Capítulo IV – 22 de Abril:

Tchuvisco rememora o tempo em que podia ver. Lembra da chegada de Irene a Pebane e de sua relação com Marcelino. A gravidez de dona Graça. Marcelino e suas pregações políticas. Diálogo de tio Custódio e Marcelino acerca da situação colonial. O caso do sapato. Dona Graça, seus olhos inférteis e o ritual da chuva. Tio Custódio prenuncia a cegueira de Tchuvisco. Diálogo sobre Moçambique independente. O gosto pela cegueira de tio Custódio. Tio Custódio é requerido para prestar serviços no quartel. Tio Custódio mostra a Marcelino a foto da família. Tio Custódio adoece no quartel e é mandado “já pele e esqueleto” para casa. Doente, tio Custódio convoca a família, entrega a Marcelino uma carta escrita por seu pai português. Marcelino não lê a carta. Pouco antes de morrer, tio Custódio entrega a Marcelino alguns papéis que roubara do quartel português e pede ao sobrinho que entregue aos “camaradas”. Tio Custódio morre e Marcelino toma conta da oficina. Joaquim de Castro morre. Tchuvisco adquire a cegueira. Marcelino vem a falecer mais tarde na prisão. Dona Graça desaparece na selva para nunca mais ser encontrada.

Capítulo V – 23 de Abril:

Margarida e o contato com a África. O pesadelo da seca e do cão (com aparência de gente). Um grito desperta Margarida. Ela encontra Lourenço chorando como criança. Lourenço deita-se novamente. Margarida mete-se nos atalhos da savana. Ela vai ao encontro de Jessumina. A história de Jessumina e seus poderes de feiticeira. Margarida consulta Jessumina (— Quero sabe o que se passa em minha casa. Tenho medo.). Margarida regressa ao seu lar.

Capítulo VI – 24 de Abril:

Margarida arruma a cama da irmã. Lembra de Marcelino (menção à guerra e seus horrores). Irene entra no quarto. Diálogo sobre a situação colonial em África. Irene sai, dirige-se à maçaniqueira e conversa com os mortos (as campas de Marcelino e Custódio). Margarida lê o caderno de Irene. Margarida vai à igreja. Encontra um negro, nu, rezando a missa. Padre Ramos a leva à sacristia. A história do negro do altar. Margarina retorna para casa. No meio do caminho, encontra uma multidão na praça. Dentre a multidão, Tchuvisco anuncia: “o rio está para se desprender do leito, cansado da margem, lá onde ela é pedra amontanhada”. Irene chega. Diálogo entre Irene e Tchuvisco. Jessumina aparece e Tchuvisco acalma-se. Diálogo entre ambos. Tchuvisco começa a chorar. Jessumina colhe uma gota de lágrima de Tchuvisco. Lourenço e seus homens chegam ao local. Lourenço intervém, intimidando Tchuvisco. O cego joga a bengala para o alto. A bengala transforma-se em pássaro e depois em Napolo, a cobra voadora. Napolo vai se transformando em pássaro novamente. Diamantino saco o revólver, mas Lourenço o contém. Lourenço reconhece a ave (a mesma que vira quando da morte de seu pai). O pássaro vai desenhando no céu os mesmos desenhos que tinham sido visto no chão da maçaniqueira. Um dos homens de Lourenço dispara contra a ave. Um segundo disparo (?) é ouvido. Lourenço pede que chamem padre Ramos. Chove em toda vastidão, menos na maçaniqueira.

Capítulo VII – 25 de Abril:

Lourenço chega em casa e encontra Margarida e doutor Peixoto. Margarida conta a Lourenço sobre a gravidez de Irene. Lourenço vai até o quarto de Irene e descobre suas tatuagens. A notícia do golpe militar em Lisboa. Lourenço choca-se ao receber a notícia ao passo que rememora a imagem do pai caindo nas águas. Margarida agradece a Deus a notícia sobre o golpe. Diálogo entre mãe e filho sobre “ir embora”. Lourenço vai ao lavatório.

Capítulo VIII – 26 de Abril:

No rádio, o locutor fala da Revolução dos Cravos. Lourenço desliga o rádio. É aniversário de Lourenço (42 anos?). Margarida fala sobre a possibilidade de partirem. O lugar cativo do pai de Lourenço não figura mais à mesa. Diálogo entre mãe e filho sobre a situação colonial. Lourenço, em fúria, recoloca a cadeira do pai à cabeceira da mesa. Lourenço dirige-se ao quarto, seguido por Margarida. Lourenço admite nunca ter matado um preto. Lembrança da vez em que bateu em Marcelino até quase matá-lo. Lembrança do desaparecimento de documentos da cada de Joaquim Castro. Envolvimento de Irene com a subversão. Marcelino tenta se suicidar. Irene irrompe pela cela.

Capítulo IX – 27 de Abril:

Lourenço reflete sobre o golpe: “o desacontecimento do 25 de Abril”. Lourenço dirige-se ao quarto e pega uma arma. Lourenço está decidido a matar Tchuvisco. Ao voltar da casa de Jessumina, Tchuvisco depara-se com Lourenço. Diálogo entre Lourenço e o cego. Lourenço agride Tchuvisco. Lourenço conta a Tchuvisco sobre a gravidez da tia. Tchuvisco pega a arma. Lembrança do tempo em que os dois meninos brincavam juntos. Tchuvisco atira a arma para longe. Tchuvisco revela a Lourenço que Joaquim Castro abusava sexualmente dos presos. Tchuvisco revela o motivo de ter ficado cego. Lourenço se afasta rumo aos pântanos.

Capítulo X – 28 de Abril:

Jessumina ajuda Lourenço, abandonada como um desfarrapo no meio da lama. Diálogo entre Jessumina e Lourenço. Ela revela a Lourenço que Irene não está grávida. Lourenço se lembra do búfalo atolado e do pássaro carraceiro pousado em seu dorso. Jessumina conta a Lourenço sobre o que sucedera com Diamantino. Ela descreve a cena de sua morte. Jessumina encena a festa de aniversário de Lourenço.

Capítulo XI – 29 de Abril:

Tchuvisco acorda Lourenço. Traz uma mensagem de Jessumina. Ela levara Margarida para Pebane. Lourenço pede a Tchuvisco que fique. Diálogo sobre Joaquim Castro ter cegado Tchuvisco. Lourenço revela que seu pai nunca o tratou com ternura. Lourenço aponta para os restos do álbum de fotografias rasgado. Lourenço levanta-se e dirige-se à saída. Ele diz que irá libertar os presos. Tchuvisco o impede. Tchuvisco se propõe a fazê-lo. Lourenço dirige-se à varanda e espreita a noite. Tchuvisco pergunta a Lourenço se ele irá permanecer em África. Lourenço convida Tchuvisco para caminhar. Conversam sobre crenças e desejos.

Capítulo XII – 30 de Abril:

É cedo da manhã, quando Tchuvisco segue em direção à cadeira da PIDE para libertar os presos. No caminho, parece perceber a imagem de Irene, acompanhada de Jessumina. As duas mulheres caminham para o centro do lago. Irene submerge por completo na lagoa. Homens em algazarra passam correndo, cantando e gritando por Tchuvisco. Tchuvisco chega à prisão. Encontra o corpo de Chico Soco-Soco, morto à pancada. Tchuvisco entra na sala Kula, local de torturas. Encontra Lourenço, morto, estendido no chão. Ele pergunta a um negro que ali se encontra sobre a morte de Lourenço, ao que o negro responde: “— Cada qual mata o da sua raça.” Memórias se avalancham: Custódio, Marcelino, Dona Graça, etc.

“Das lembranças emerge uma indefinível voz que murmura o que ele, no momento, deve executar. [...] Andaré Tchuvisco vai à arrecadação da prisão, traz uma lata de tinta branca e um velho pincel. E com amplos gestos ele espalha largas demãos sobre a parede. A cada pincelada, a paisagem do quarto se lava. Não há sangue, não há desordem. Não é só o morto que se esvai: a própria morte desvanece. [...]” (p.138)

 

REFERÊNCIA:

COUTO, Mia. Vinte e zinco. Editorial Ndjira: Maputo, 1999.

0 Response to " "

Postar um comentário